terça-feira, 6 de abril de 2010

A imitação da realidade

"Tudo tem um fim, menos para mim". Afinal, a imitação da realidade através de nossas falas, das artes, da música, ou melhor, de TUDO, não acaba. A não ser que um dia o mundo acabe...talvez não é mesmo? Não vou chegar a deletar esse blog, porque ainda tem muita coisa - que não remete ao meu passado obscuro - permanecerá aqui. Mas se tornará intocável, como uma estrela. Como via de renovação, quis fazer um novo. Para ver a minha não-tangibilidade (nem sei se isso existe) a dor do passado. Com um blog novo, também postarei coisas novas. Um pouco de passado sempre terá. Se hoje catei uma flor, amanhã descrevo num blog. Já é passado. Um passado recente e sem sofrimento: é o que quero mostrar aqui. Um lado mau sempre aparece de vez em quando; um ódio, uma tristeza. Mas nada de nada, conseguirei tudo de nada, e até que enfim tudo de tudo. O novo blog me permitirá a grande distância do que foi útil pra mim um dia: pois é com a dor que descobrimos nossos erros. Mas a dor se vai; e o que permanece é uma fonte de alegria. As águas demonstram o brilho de um sol, que fica no céu até que alguém possa olhar pra ele. Mas todo mundo sabe que não por muito tempo; pois nossos olhos são fracos em relação aos raios do sol. Porém, nossa consciência deve saber que é o sol - ou seja, o regente de nossas vida, diga-se de passagem - quem está brilhando a água da fonte. E o que significa essa água de uma fonte? Nada mais, nada menos do que a FELICIDADE. Ou seja, o sol é o 1° movente da alegria, metaforicamente. Mas o que é o sol? Nós mesmos. E a fonte? O nosso outro "ser único"(apresentado no novo blog). O outro ser único é o nosso companheiro; é a pessoa que nos fornecerá felicidade. Não que sozinhos não conseguiremos felicidade; mas acredite, as pessoas mais solitárias são as que precisam mais ser amadas.
http://www.aflordenarciso.blogspot.com

quarta-feira, 31 de março de 2010

pregos, cruzes e um saco de moedas... II (completo)

Pregos, cruzes e um saco de moedas

DANCE OF DAYS

O pulso afasta os pontos
e deixa respirar cicatrizes sempre abertas
Mantidas abaixo do desprezo ao acaso
e desculpas semi aceitas...
de quando o sol não nasceu pra mim.
e eu estive deixando a chuva escorrer
pelas feridas, pra jamais esquecer
dos dias em que fomos um,
e teus olhos diziam:
"dorme, que por ti eu zelo"...

Me diz o que fazer
agora que ardes qual escárnio
de sonhos sem crença
e não mais olhas por mim...

Eu não penso em dizer adeus
mas não consigo ficar aqui
correndo entre gigantes mortos
em castelos no céu.

Os moinhos não mais dançam teus beijos
e eu me sinto tão alheio a teus erros...

Me diz onde estava você
quando olhei pra trás e as nuvens de pragas
devoravam minha sombra?
Me diz como podes esperar
refugo em meu lar se os cortes em meu rosto
ainda sangram com teu gosto?

Agora a certeza se torna um erro (Fingir)

Pior pra você se quando me vê
Eu não estou tão só assim.
E quando se engana mesmo da certeza
De que o erro foi só meu...
Se deu por perder a razão
E fiz questão de não reagir.
Se alguém agora procurar por você
Talvez não ache mais em mim......

(refrão 2x)
Fingir , mentir
Quando não se pode mais evitar
Correr e fugir daqui para qualquer lugar

Pior foi ser alguém que nem eu mesmo sei fingir...
E os egoistas, a lágrima que caiu de mim
Agora vão sorrir...


Essa banda me traz muito. Apesar de coisas dolorosas que vivi ouvindo-a. Afinal, como ela já diz: "Eu tive um amor, mas foi a dor que me ensinou a ser quem sou..." Ah, ah...

Próximas músicas virão. Não mais tantos textos. Novas do Dance of Days postarei, e de CMTN também. Talvez coisas aleatórias também, que serão profundas.

quinta-feira, 11 de março de 2010

A Esfinge Sem Segredo

A um tempo minha vida passava a ser igual. Uma casa inteiramente grande, um charuto, espumas na banheira e escuro de um quarto. Nada mais uma moça como eu poderia querer. Uma casa somente para mim. Ela era grande demais, e eu pequena demais, talvez. Talvez é uma palavra que cabe muito no meu dicionário. É, talvez seja. As pessoas perguntavam para mim se eu tinha um nome; dependendo para quem, eu tinha. Qual poderia ser meu nome agora? Suzana. Não, é um nome muito ridículo. Talita. Muito meigo. Esandra. Ultrapassado. Eu acho que não tenho um nome definido; depende do momento. Moro só, faz 5 anos, nessa casa enorme. Ela é muito enorme, pode acreditar. O que eu faria com um cachorro aqui? Seria minha única companhia, fora o Mordomo. Chamo ele assim. Aliás, ele é um mordomo. Esse é o nome dele, para mim. Sempre gostei de casas grandes. Sofás que cobrissem a parede inteira, chaminé para ocupar o lugar do frio, camas e lençóis para amaciar a pele, ar condicionado, luz de velas, cozinhas. Etc. De nada adiantava algo desse tamanho, se não teria alguém para ocupá-lo. Mordomo começou a morar aqui um pouco antes da minha Alucinação. Foi uma companhia indiferente pra mim. Ainda acho que ele é mudo de vez em quando. Se ele o é, eu sou uma sofredora nata. E nada mais poderia dizer sobre isso. Sofás, camas, paredes, banheiras, travesseiros, toalhas... Para quem? Para mim? Com quem ei de compartilhar todas essas materialidades? Pois sei de uma coisa: de físico tudo tenho, mas de abstracto nada possuo. Como assim? Peculiaridades. Tenho vários objetos materiais, mas não possuo uma pessoa. Não possuo uma companhia. Alguém para sentir algo, ou que seja algo perto disso. Não procuro garotos de programa, eles me dão nojo. Mas na hora, é bom. Porém, não adianta. O meu desejo é permanentemente fervoroso. Nem um Hades apagaria. Moro só. Sou só. Me deixaram. Me chutaram. Me inibem. Sou invisível. Então comecei a ver todas as coisas assim também: nada existe. Fora a minha casa imensa e inútil, e o Mordomo que faz todos os deveres da casa. Mas não faz os meus. Acho que ninguém pode fazê-lo. Ninguém. Ai de mim! Ai de mim, mera humana, mera mulher ter alguém para abraçar todo dia. E amar. Ai de mim, Zeus! Ai de mim, ó deuses! Afinal, não sou uma pessoa religiosa. Nesse estágio acho que ninguém o É. Mas gosto de citar esses nomes, vai que um dia um deles me escutam? E não vêm aqui na Terra ter um filho comigo, como fez um deles? Ou vários, não sei... Me deixaram de lado, e agora estou aqui. Vivendo de futilidade. Minha casa é grande e não tem ninguém para ocupar o seu espaço. Não tem ninguém para tocar essas paredes. E para tocar a mim. As horas passam, e eu fico deitada em minha cama. Esperando alguma coisa acontecer, talvez. Sei que o sol não vai nascer azul. Nem as árvores nascerem com folhas vermelhas. Ei! Ei! Pera aí. As Folhas são vermelhas sim! Existem folhas vermelhas! Quer dizer que alguém pode me tirar daqui? Alguém pode? Por favor, alguém me tire desse buraco! Eu imploro! Quero ver as folhas vermelhas lá fora! Quero ver o sol azul! Eu sei que ele existe, pois quando eu vivia bem, eu olhava muito pra ele, e eu o via azul! Existe então uma possibilidade de alguém vir me buscar... Mas quem será este, "Escalador Encantado de Escadas¹" de Adalgisa? Quem irá me salvar? Tenho tudo de material, mas nada dentro de mim. Nada de sentimento por alguém. Por que dependo tanto das pessoas lá fora? Porque ninguém bate a campainha aqui e se autoconvida para entrar na minha vida? Porque a minha vida é tão sem graça? ...
- Madame, posso entrar?
- O que foi agora?
- Eu queria entrar aí com a Sra.
O que será que o Mordomo quer agora? Estou aqui, em meus delírios, em meus sofrimentos, e ele veio fazer o quê? Veio me trazer a felicidade, talvez? Coitado. Ele é um mero mordomo.
- Abra a porta, então.
[Mordomo abre a porta e entra no quarto da Sra. M.O.]
Quieto, ele se aproximou, e sentou do lado da cama que eu estava deitada. Começou a me olhar profundamente. Mas eu não via nada naqueles olhos. Via uma vida rotineira, uma vida em que tudo é igual, e que não há nada de surpreendente. Nesse ponto de vista, tínhamos algo em comum. De repente, ele acena para mim. Começa a acenar e a sorrir; ele trabalha aqui há anos, há uns 8 ou 10 anos em casa. E nunca conversei com ele. E ele nunca entrou no meu quarto enquanto eu estava. Talvez ele teria que dizer algo: acho que alguma notícia na TV que o afetasse muito, já que ele não tinha com quem conversar. Ou então dizer que ouviu alguma coisa de noite, ou que sumiu alguma coisa aqui de casa, ou que ele queria usar a banheira, ou que queria dizer que a vizinha se suicidou...
Ele nada diz. Apenas sorri e acena como se tivesse me vendo pela primeira vez. O que era aquilo? O que ele queria dizer? De repente ele acena para a janela do quarto: aponta para a luz forte que está vindo de fora. O que era? Por que luz? Ela está aí todo dia, e toda noite. O que teria demais nisso? Eu não compreendia Orlando. Ele apenas indicava aquela luz como se fosse algo sobrenatural.
- Está vendo aquela luz, minha Sra. Madalena Ofalon?
- Não há como não ver, Mordomo, já que essa maldita luz me deixa quase cega.
- Não a trate assim, ela veio te ver.
- Me ver? Ela vem todo dia então. Vem oscilar meus olhos para outro lado; ela me perturba.
- Perturba porque te quer. Acha mesmo que ela vem todos os dias à toa? Veio te buscar. Veio te proporcionar o que há minutos você pedia e implorava.
- Do que está falando? Uma luz vir me buscar? Ela nem se quer é um humano para fazer isto;ela é apenas uma energia, um raio que atingiu minha janela graças ao Sol quentíssimo desta tarde.
-Você não está fazendo juz ao teu nome.
-Luz vir buscar, juz ao meu nome... Tenho um mero nome, que não vale nada pra mim. Essa luz não é nada de comovente na minha vida. Saia, Mordomo, e me deixe aqui meditando o mal que sofri.
- Sim, ela veio te buscar. E vai te buscar... e te prender para que você nunca esqueça... agora.
Orlando me beijou. Mas que atrevido! Nenhum homem o faria a 5 anos atrás, depois que Bóris havia me deixado. Parece que aquela luz era um tipo de eclipse; onde Orlando espera o momento certo para acontecer, e usufruir. Por tantos anos, nesses mais ou menos 10 anos, ele nunca atrevera em chegar perto de mim, nem de entrar em meu quarto, nem nada de nada. Porque o faria agora? Será que gostava de mim antes de Bóris ter terminado comigo? Será que ele ficou quieto esse tempo todo? Eu nem ligaria, TALVEZ, se eu soubesse que ele me amava. Porque iria de me beijar agora, depois de tanto esse tempo? Ele queria me deixar feliz? Ou queria que eu calasse minha boca, porque não aguentava mais eu gritar e chorar por detrás da porta de meu quarto, que eu trancava sempre em meus lamentos? O que ele queria de mim? Eu não sei. Mas tinha sido uma noite maravilhosa. Orlando, Orlando, o Mordomo... ele me amava. Parecia, pelo menos. Do jeito que me beijava, me tocava. E eu? Porque não rejeitei tal ato? Ora... eu deveria fazer juz ao meu nome. Como ele fizera do seu.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Meu oráculo de Delfos

E quem disse que o Oráculo de Delfos não existe? Não sei quem foi, mas se existiu alguém, que se refute essa idéia. Afinal, de certa forma eu acredito. Bom, quem acredita nisso, de certo também que acredita em pré-destinação. Sempre acreditei nisso, apesar de nunca ter uma prova concreta. Mas nada melhor do que provar pra si mesmo: provei por meio de sonhos simbólicos. Posso ser uma louca talvez, em acreditar nisso. Gosto também da Astrologia, não a nego.

O sonho, em si, que eu tive.

Não lembro muito bem, mas foi o seguinte: fiquei viajando durante um bom tempo dentro de mim, durante o sonho. Mas vou contar.
Eu estava dentro de uma casa, sentada numa mesa redonda. Tinha alguém comigo, era uma menina. Ou pelo menos eu achava que tinha. Abri um livro, e fui ler um conto que eu queria ler fazia tempo. Não lembro que conto era e se ao menos existia, mas era um conto de alguém do Brasil. Talvez eu tenha sonhado isso por ter iniciado a ler um livro de contos. O nome do conto era um nome esquisito, com formações de palavras num título que não faziam sentido. Ex: Mão vidro. O título se remetia ao tempo, ou melhor, ao relógio. Relógio era uma palavra que estava contida no título.
Comecei a ler então, e a menina que estava do meu lado começou a me confundir. Eu não sabia mais se ela era alguém, ou se eu era ela. Acho que eu era ela: sua face e seu cabelo curto lembravam de mim, da Karol.
Não vou contar com detalhes. O conto falava sobre eu mesma. Mas como assim? Falava da minha dificuldade em amar alguém que nem se quer gostava de mim. Amar alguém que não tinha olhos para mim. E qual era a moral? Esqueça-o. Tenho outras coisas pra viver.
Eu poderia ter escrito isso antes, mas não tive tempo. Aí eu lembraria melhor de contá-lo. Isso que eu disse até agora foi o básico do básico.
Formulei eu então que essa idéia de esquecer esse garoto era um destino meu. Eu, que nunca achei que fosse possível, tentei me desviar de tal idéia antes de ter tido o sonho. Estive conseguindo isso, muito aos poucos. Mas quando sonhei com isso, depois de poucos dias, entrei em queda para esse sentimento mórbido e inútil. Não quero troca de sentimentos, mas quero ter o que mereço. E o que mereço? Comparado aos meus atos rudes, nada. Mas e a minha dedicação a tal pessoa? Tudo.
Não adianta mais gostar de alguém assim. Me dediquei todos esses 5 - 6 meses a tal pessoa, que talvez nem sabia disso, ou, se sabia, só queria me manter a seus pés. Queria ter honra, tendo na verdade apenas um Reino, sabendo pisar no seu bobo da corte, em vez de adorá-lo como o diamante que lhe traz prazer ou felicidade em alguma merda. Esquecerei-o de uma vez, mas sei que nunca estará apagado dentro de mim meu sentimento por te valorizar tanto. Capricornianos são assim. Ou as pessoas são assim. Gostam de alguém, mas quando gostam mesmo, nunca esquecem a pessoa. Mesmo estando com outras. Mas não confundam: continuamos gostando de uma maneira superficial. Não signigfica que ainda gostar de tal pessoa quer dizer que morro de amores por ela, e que vou deixar meu parceiro atual. Quero dizer que ainda existe uma espécie de carinho e de cuidado por tal pessoa. E nada mais. Simplismente existe isso por ter sentido algo forte por ela algum dia.
Acho que não quero falar mais sobre isso.
Acabou, e isso foi o que eu quis dizer: meu sonho me mostrou que tenho capacidade sim de fazer algo que eu achei que nunca faria. Era uma idéia impregnada em minha mente, que quando comecei a acreditar que eu poderia esquecê-lo, comecei a pôr isso em prática.
Isso foi meu Oráculo de Delfos: esquecer alguém que não me quer. E não posso fujir de meu destino como fez Édipo. Tentou escapar de seu oráculo, mas na verdade estava previsto que mesmo se fujisse, ele aconteceria. Então fujir desse meu oráculo seria inútil.
Que venha Pítia.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Nossas cinzas.

você diz que eu não o conheço, mas eu o conheço bem.
eu vejo nesses olhos cinzas que estivemos no inferno...
andei com os mais fracos só para me sentir mais forte.
você entregou seu corpo apenas para pertencer a alguém

vamos queimar juntos...
vamos queimar juntos...

essa dor nunca vai cessar.
essas cicatrizes nunca vão sumir.

eu provo de seu sofrimento e você prova de minha dor
atraídos um pelo outro por cada mancha,
lambendo as camadas de fuligem de sua pele,
suas lágrimas agem sobre minha crosta para deixá-lo entrar...

tocando-o com mais força...
tocando-o com mais força agora...

enquanto andamos pelas cinzas...
eu sussurro seu nome.
uma amostra de dor para se agarrar.
enquanto andamos pelas cinzas,
você sussurra meu nome.
Quem tem a mente mais doentia...
agora?

essa dor nunca vai cessar.
nossas cicatrizes nunca vão sumir.
suor purificador...
estamos apenas usando um ao outro...
depravados demais para ficarmos vivos
mas jovens demais para morrermos
e nos machucamos
então, nos machucamos.

esfregando com mais força...
tarde demais para voltar atrás agora.
esfregando com mais força ainda...
enquanto esses dois mundos desolados colidem.

enquanto andamos pelas cinzas...
eu sussurro seu nome.
uma amostra de dor para se agarrar.
enquanto andamos pelas cinzas,
você sussurra meu nome.
Quem tem a mente mais doentia...
então?

essa dor nunca vai cessar...
nossas cicatrizes nunca vão sumir...
maldita cama suja...
maldita mente suja...


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Andarilho, eu te amo.

"Andarilho¹, quem és tu? Vejo-te seguir o teu caminho sem escárnio, sem amor, com olhar indefinido, úmido e triste, como uma sonda que, insaciada, volta de todas as profundidades novamente à luz. O que será que ela procurava lá embaixo? Tens um peito que não suspira, lábios que escondem o seu nojo, mão que só lentamente agarra. Quem és tu? Que fizeste? Descansa aqui. Este lugar é hospitaleiro para qualquer um. Restabelece-te! Não importa quem sejas: o que te agrada agora? O que serve para te reconfortar? Basta que o digas. Ofereço-te tudo o que tiver! - 'Para me reconfortar? Para me reconfortar? Ó tu, curioso, que estás a dizer! Mas dá-me, peço....' O quê? O quê? Di-lo - ' Mais uma máscara! Uma segunda máscara!"²

Te vejo dessa maneira. Anda com olhares indiferentes. Mas até que diferentes para mim. Ou será que vejo isso porque eu quero que você me dê atenção? Talvez seja, mas está me tratando superficialmente diferente. já é um começo, anjo. Porém, você não parece tão feliz. Seu coração esconde muitas coisas, e parece então indiferente... Mas, você deve estar um pouco triste e solitário por dentro. Vejo uma sonda que saiu do poço e voltou-se para a luz. Isso denomina-se 'você'. O que será que essa sonda queria lá embaixo? Acho que procurava valores. Tentava entender quais eram os valores que para você realmente valiam... Mas e aí, o que sobrou? Quê valores você considera como os seus?Você se esconde... mas sua mão lentamente agarra o que quer. Quem és tu? Eu não sei, só sei que o amo. Ainda és o garoto que amo, independente do que você é hoje. E o que fizeste? Eu não sei. Mas estás cansado. Cansado de tanto tentar, e de tanto descansar. Então descansa aqui. Descansa em mim. Estás cansado de ser enganado, terminantemente por mim. E onde está uma nova chance? Você foi enganado por meu antigo eu. Hoje você não me conhece mais, e foje de mim, pois acha que ainda sou uma terrível garota. Não, não, "babe". Não importa quem és agora, "o que mais me importo é com seu pecado"... O que mais me importo é o que te agrada. O que te conforta? "Basta que o digas. Ofereço-te tudo que tiver!" E você, talvez lendo essas medíocres palavras de quem ama, diz que vai falar o que quer. E ainda fala: "quero-te uma máscara. uma segunda máscara". Para que uma máscara, meu deus e meu rei? Para que quer se esconder? Você não está atrás de um novo amor, então para que irá fazer isso? Vai querer que dê a mesma coisa que deu com a gente? Nós 2 nos escondendo. Você em seu esconderijo, e eu debaixo dos cobertores. Não, não. Eu sinceramente axo que você não irá achar ninguém. Mas e daí? Vou ter que torcer, de certo, caso achar. Se achar, não irá dar certo. Porque? Orgulho. Ciúme. Trapaça. Vingança. Fornicação. Mal-amor e Mal-amado, meu bem. Está perdendo tempo. Vai se esconder de novo, se eu te der uma máscara. Não posso te servir cegamente. Essa foi minha promessa, não posso te dar tudo sabendo que tudo vai fazer mal para ti. Olhe em sua volta, onde está nosso jardim? O que ele ainda significa pra você? ³

¹Andarilho =
que ou aquele que anda muito e depressa.
² Texto de Nietzsche, do seu livro "Para Além do Bem e do Mal".
³ Interpretação minha, em relação ao seu sentido "amoroso", do trecho do Nietzsche.