quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Raiva.




Ah...se eu pudesse decifrar aqui toda raiva que eu sinto. Todo sentimento ruim, todo o meu sentimento sobre as merdas dessa vida, sobre minhas opiniões críticas. Me lembrei disso hoje, quando perguntaram para mim se eu tinha um Blog. É claro, respondi que sim. Imagina o que ouvi? "Que medo". Ou seja, é assim que eu sou vista para essa porra de "jente". Todos me acham diferente, não sei porque. Realmente sou, mas não por fora... Demonstro ódio a certas pessoas, e a maioria não nota. Não nota, porque eu o escondo...
Sabe quantos anos eu escondo o que eu sou?
5 anos. Não exatamente 5 anos, mas em 13 dez 2009 completará quase isso.
Eu não sabia que eu resistiria 5 anos. Pensei que duraria menos... ou mais, não sei. Está na hora de eu mostrar sim, o que eu sou. Já que escondi por tanto tempo...
E ninguém vai gostar do que vai ver.
Só verá ódio.
Só verá rejeito.
Só verá dor.
Só verá... desprezo.
Mas nem tudo isso, eles verão... Eu também verei isso, conforme demonstrar todo o meu eu. E é claro que meu eu não é só composto de coisas ruins. Conforme eu oferecer a dor, eu também receberei. Não me sinto tão bem dando isso para as pessoas, mas me diga, não são o que elas realmente merecem? Oferecerei desprezo, e receberei-o também. E não reclamarei... pretendo, pelo menos.
Hoje, eu me olhava no reflexo do espelho. Olhava em meus olhos... e lembrava de tudo que eu fiz. Queimei pessoas inocentes, no fogo do inferno... matei pessoas que não tiveram culpas em crimes que cometeram contra mim. Esquartejei mãos que supostamente aprontaram contra mim. Mas não o fizeram nada... fui em quem fiz. Dei dor a gente inocente. Quem realmente deve receber dor, agora, sou eu. Eu... que fiz tudo isso. queimei, matei, esquartejei pessoas. não só pessoas, mas respostas, perguntas, caminhos, decisões... tudo. E quando digo que te odeio... é porque o amo. Quando digo que te amo, é porque te amo. E não existe mais nenhuma declaração quanto à isso.
Meu reflexo no espelho, durante à ausência de luz, fazia meus olhos brilharem. Mesmo até com luz, eles brilharam. Isso me deu alguma esperança, quanto aos meus desejos...

E alguém pode acreditar que tudo se repete?
Alguém joga contra mim uma pessoa, que parece uma pessoa que conheço [K]. E esse alguém, quer que tudo se repita. Mas não vou aceitar, não vou. NEGO. NEGO o que querem fazer comigo. Quem decide meu destino sou eu, e não os Anti-anjos. Afinal, existem vários... e não apenas 1, como metaforicamente cito em "A Praia do Anti-anjo".
quer saber?
vão todos se foder, pois meu ódio é muito grande para ser exposto nesse pequeno lugar. onde ninguém lê. onde apenas 2 pessoas que sei, abrem esse blog.
Se digo que B é diferente de E, é porque afirmo que B = A e E = C.
A é diferente de C, então. Mas B é muito próximo de E... Quem conheci primeiro?
Conheci E.
vão se foder, e vão ler algo mais interessante do que o lamento de uma garota idiota.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Praia do Anti-anjo

PARTE I

Quem diria que, um dia, eu estaria à beira de uma praia. Uma praia real, com ilhas ao redor... com florestas atrás da areia, com morcegos à meia-noite, com um pensamento amável de alguém. Tudo era tão pacífico; inclusive o meu desejo. Desejo de deitar-me à areia quente pelo sol fervente das veias de Sanzio, que não são salgadas. São quentes com o sol, quando querem, e são frias, quando querem, com sol... Estranho, não? Geralmente as veias são salgadas. E quando são, são deliciosas, e ímpetas. Mas são de cuspir no final. O final é amargo...
Sanzio tinha veias bonitas; sem gorduras. Seu corpo era fraco quando começamos o namoro, mas o tempo foi passando, e seus músculos foram aparecendo. Ele começou a trabalhar em construções, para conseguir um dinheiro, pra que pudéssemos casar logo. E não é que casamos? No começo, eu não levava muito à sério. Mas percebi que Sanzio levava, então segui os passos de meu amado...
A praia era linda... era tão calma... o sol ainda não tinha esquentado toda a areia. Algumas partes estavam geladinhas, e bem gostosas. Tinha um moço numa ilha, a uns 5 metros (muito pouco, dava pra ir andando) de distâncias da beira. E mais longe, uns 15 metros, tinha uma ilha maior... com várias árvores. Eu tinha 2 filhos com meu amado Sanzio. Ícaro tinha 3 anos, e Diógenes tinha 5. Eram umas belezuras. Eram crianças... como eu fui um dia. Eles espelhavam Sanzio, pela força de caráter, pelo olhar de querência; e quanto à timidez, lembrava a mim, e lembrava Sanzio, com seus 16 anos. Nessa época, meu amado não sabia falar o quanto me amava... ele dizia, mas não como eu queria ouvir. Não é que eu não queria ouvir; ele apenas falava de um jeito, que não parecia que era amor de verdade. Parecia algo falso, ou confuso, ou seja, não parecia que era realmente um amor forte. Ele se ajoelhava em meus pés, quando terminávamos, ou melhor, quando eu terminava. Se ajoelhava, e pedia para que voltássemos... Pedia para eu perdoá-lo, falava que se arrependeu do que fez, falava sobre promessas que iria fazer. E tais promessas eram muito fortes; meu desejo correspondia a tais promessas, e meus desejos, por mais ocultos que fossem, eram ferventes. e ainda, ele me oferecia promessas sobre desejos, em que eu sonhava... Sonhava, e muito, muito. Esse foi um dos motivos em que comecei a levar à sério... Foi quando percebi de que, ele era a única pessoa que me oferecia tudo que eu queria... e o que eu queria, era além de amor. Eu, apesar do arrependimento, estava com ele por estar. Era indiferente namorar... mas quando eu não o tinha mais, eu percebia a falta que ele realmente fazia. E essa foi a pior coisa que eu fiz. Eu deveria ter dado o devido valor no começo do namoro; pois quando começo a ficar com alguém, é porque estou querendo levar o relacionamento (pré-namoro) à sério. Foi por essas má atitudes - e tantas outras - que Sanzio fez o que fez.
A praia estava deserta. Vazia. Fui, sem medo, com meu biquíni laranja-fogo e deitei-me na areia, já quente. A tranquilidade do sol me pacificava... eu conseguia esquecer todos os meus atos ruins que fiz com Sanzio. Todas as minhas atitudes que o prejudicaram, que o fizeram sofrer, que o fizeram chorar, a gritar por meu nome. Eu amava Sanzio.
De repente, um homem, do nada, surge na praia. Eu, deitava, tranquila na areia, fico incomodada com a presença daquele homem, que se chamava Leório. Leório, a muito tempo, foi meu namorado. Tínhamos namorado por um tempo ideal, uns 3 anos mais ou menos. Foi bastante, mas não tanto para mim. Com Sanzio foi algo muito mais intenso; muito mais... não sei explicar. Foi diferente; as dores eram maiores, e as alegrias também (é claro, tinha que ter esse parâmetro de igualdade entre opostos, não é?). Foi algo... muito especial. Com Leório também tinha sido... ainda é. Mas depois que ele começou a se aproximar naquela praia, se aproximar perto de mim, naquela praia deserta... eu desanimei. Eu queria continuar deitada, mas Leório me forçava a fazer algo que eu não queria. Eu estava semi-nua, com meu biquíni laranja-fogo, e minhas crianças ficavam rolando perto de mim. Enquanto isso, o homem dos 3 anos ficou se esfregando em mim, falando que queria ficar comigo... Falando que queria ficar comigo, tentava me convencer que ficar com ele seria melhor; ou então, achava que eu ainda pensava nele... Achava que, se ele viesse para me beijar, eu aceitaria. NÃO. Não quero aceitar, amo Sanzio, e nada mais importa na minha vida do que o Paraíso que construímos juntos.
Eu negava infinitamente para Leório que não ficaria com ele, de nenhum jeito. Ele me forçava, segurava meus braços, e tentava me envolver com suas ressurreições amorosas. Digo NÃO, digo NÃO. Suas mãos não me fariam convencer que estas seriam para sempre, como as de Sanzio. Sanzio...Sanzio...Sanzio... Eu só pensava nele. Pensava, e amava ele mais do que minha própria vida. Ele era a razão de tudo... de minha casa, de meu jardim, de meus filhos. Razão do meu próprio eu...
E meus filhos, ficavam brincando ao redor da praia, bem pertinho de mim, enquanto Leório tentava atiçar com suas falsas promessas.

PARTE II

Depois da praia, fui para casa. Meus filhotes, ensolarados depois de tanto sol, se puseram a brincar no meio da sala, com suas fonfulhas, para descansar, depois de tantos raios de luz... Isso me lembrava de mim, quando era criança. Diógenes ficava passeando pela casa, com tanta energia... Enquanto Ícaro, ficava sentado, jogando seu joguinho, esparramado por todo chão da sala. Tão lindo, tão fofo. Tudo estava numa santa paz.
Eu estava deitada no sofá da sala, também descansando. Depois da pele toda vermelhinha, com tanto sol... e depois de tanto discutir e negar-me a Leório. Ele foi chato demais, mas enfim, eu não queria lembrar mais disso. Eu queria esquecer, esperar Sanzio chegar em casa, para ficarmos juntos o resto da tarde, e à noite também. Até que ele chegou...
Sanzio não entrou pela porta. Veio gritando para casa, parecia estar nervoso com alguma coisa... E era com o que eu imaginava. Leório.
Eu tranquei a porta, e ele ficava gritando da janela. Ia dar um "pampero" em casa... Ele já era nervoso um pouco, mas estava sobrenatural aquele momento. Ele se transformou completamente... parecia um monstro. Um monstro que eu já desconfiava que existia. Desde o nosso começo, começo de nosso relacionamento, eu sentia algo de diferente nele. Um tipo de esconderijo, que lá estaria guardado muitos segredos... e que só seriam descobertos, por mim, em tempo indeterminado. Nem com nosso casamento, descobri tudo. Infelizmente...
Sanzio era um monstro. Gritava comigo pela janela, que estava aberta. Ele não conseguia pulá-la, mesmo ele sendo alto. Alguma coisa estava acontecendo... Ele dizia que eu era uma traidora. Dizia que eu aceitei Leório, dizia que eu queria ficar com ele. Perguntava-se porque eu casei com ele, e não com Leório. As palavras começaram a me fazer mal por dentro... elas me cutucavam. Mas tudo que ele dizia, era absurdo. Eu não o traí, eu não beijei Leório. Não me entreguei a Leório. E como ele ousava a dizer que havíamos nos beijados, no meio daquela praia tão vazia? Dizia que rolamos entre as areias e nos deliciamos com o mar... com nossos toques, com nosso amor. Que amor? Eu amava Sanzio. E Leório havia sido apagado de minha vida, para sempre. Ou pelo menos quase sempre... mas isso não vem ao caso.
Sanzio me acusava de traição. Sanzio estava louco, estava pirado. Estava cego... cego de ciúmes, como um dia eu sempre achei que estaria. Tranquei a porta sim, pois o diabo estava para se encontrar comigo, caso eu abrisse... Ele iria me matar se eu abrisse. Mesmo sem provas de minha traição, mesmo sem saber se eu realmente trai... o que sai da bocas dos outros, é o que permanece, para Sanzio. Sanzio... o meu amado... estava com uma faca, esperando eu abrir a porta... abrir a porta para receber a dor de nosso eterno prazer... de nosso eterno amor. Disse que o amaria sobre a tristeza, ou a doença, ou na riqueza, ou na pobreza... mas não disse que amaria ele se ele quisesse me matar. Eu não jurei esse fato. Sanzio queria matar nossos filhos... queria destruir nossa casa. Nossa vida. Nosso amor. Eu não sabia mais se o amava, durante aquele momento.
Destruir tudo... era algo impossível para a capacidade de meu amado. Sanzio não teria a capacidade de fazer tudo isso, sem mim. Se para ele estivesse tudo destruído, para mim, alguma parte só estaria. E não totalmente... Para quê matar nossos filhos? Matar o fruto de nosso amor, de nossa união, de nosso paraíso, de nossa casa... Porque fui me entregar àquele homem, que eu indefinidamente desconhecia-o, naquele momento? Porque fui fazer isto? Todo momento bom... da curiosidade de descobrir o esconderijo, é boa. Mas nem sempre, o que descobrirmos, irá ser bom, para nós, ou para quem o descobriu. Descobri a PIOR coisa do mundo... Mas pelo menos, eu havia VIVIDO o suficiente para descobrir a pessoa o quanto eu AMEI no mundo.
Diógenes, que estava perto da janela, foi o primeiro alvo. Eu não quis nem ver...
Saí correndo com minhas malas (que já estavam prontas, não sei porque), e deixei Ícaro. Até hoje não entendi o porque deixei Ícaro só, naquele chão sem vida, com seus brinquedinhos. Não sei o que aconteceu com meus filhos... Talvez a pilha maligna de Sanzio tivesse estourado na hora de enfiar a faca nos corações de pessoas que saíram dele mesmo. E fazendo isso, Sanzio se mataria. Porque matou algo que faz parte dele. Ele não matou seus membros, ele matou seu próprio coração, se matou seus filhos. Filhos, que saíram de seu próprio organismo, que foram produzidos por ele... e que, se feitos, foram mortos. Se foram, Sanzio também foi. Mas isso, até hoje eu não sei... me resta lembranças do amado que um dia amei intensamente, e que, por certos motivos cegos, foi manipulado pela palavra avulsa de pessoas exteriores à sua vida. Nem se quer, Sanzio pôde acreditar nas minhas palavras, que eram interiores à sua vida e ao seu mundo subterrâneo... Sinto saudades de meu pequeno Sanzio, quando se encostava em meu colo, pedindo para voltar, quando eu terminava com ele. Sinto saudades de suas palavras que eram invisíveis; saudades de seu silêncio... que me trancava a respiração. Saudades dele, dessa pessoa que já foi o meu amado. Mas que, com suas mudanças repentinas e absurdas, não fazem mais parte de meu coração... Nunca direi adeus. Nunca mais te direi não. Eu te amo, Sanzio.

[espere! esse conto não está completo. algumas partes de seu "meio" serão modificadas, pois não foram bem esclarecidas. com mais tempo, farei isso... sanzio,sanzio]

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Ainda escrevo cartas

Ainda escrevo cartas, para pessoas indefinidas, para destinatários irreconhecíveis, por meu próprio eu. por minha própria vida...
Estou escrevendo a carta da minha vida. Na verdade, ela descreve, todo o tempo que eu queria morar na floresta (metáfora). Todo tempo que eu queria ficar com uma pessoa... E ela, em menos de 15 dias, estará pronta. descrevendo 1 ano, de minha vida...
só espero que ela consiga falar tudo que vivi...se é que isso é possível.
Subtítulos:
A Rosa.
De tua floresta, descobri além das árvores...

Além da carta, ela virá com 2 flores. Com um abraço, um beijo no rosto... (sem puxão por baixo). e algo a mais, se me permitir...

domingo, 20 de setembro de 2009

Murilo do meu óculos (conto)

Todas as vezes que eu gostava de alguém, eu lembrava da minha infância. Não era no primário que eu lembrava, mas sim das pessoas que tive contato quando eu estava na terceira série do fundamental. Eu gostei de um menino chamado Jean. Me lembro pouca coisa, e tive a impressão de que ele não gostava de mim. Na verdade, éramos amigos, nada mais. Só que para mim... Para mim ele era muito mais que um amigo. Coube uma viagem, então, para ele. Mudou de casa, e não sei para onde ele o foi... Sumiu do mapa, e me deixou.
No plano seguinte, aparece Éder. Éder, ou melhor, Éden (paraíso?), foi o meu melhor namorado. Digo, companheiro? Não, não. Estou contando apenas pedaços do que eu vivi. Éder era um cara muito legal, muito gentil. Esse sim, gostava de mim. Me dava atenção, mais do que Jean.
Me mandava cartas todo dia. A gente ficava junto na hora do recreio... eu pegava em sua mão, e ficava com ele, comendo alguma coisa, pra logo ir pra sala. Seu cabelo era loiro, mas ao passar dos tempos, ele foi tendo traços escuros, como o da minha prima Danieli. Pedaços loiros, pedaços negros. Ele ainda continuava bonito, afinal, essa metade-metade não fazia o perder o seu charme. O que ainda deixava mais lindo era... Imagina? Imagine sardas. Muitas sardas, por todo corpo, por todo lugar. É claro que eu só vi do rosto, e do braço.
Ele começou a me mandar cartas todo dia, quando eu iniciei esse processo. Mas, a carta que eu lembro até hoje, foi aquela que ele fez um desejo, e escreveu o quanto gostava de mim. Não planejávamos casar, nem nada. Nunca nos beijamos, mas nos gostamos. Namorávamos, então? Para nós, sim. Mas para as crianças, não.
Pulei para a quarta série. Éder sumiu, como Jean... mas permaneceu mais que este último. Vi Éder no final do ano, andando de bicicleta. Ele já estava crescido! Muito mais bonito do que nunca. Os pedaços negros do cabelo ficaram mais fortes, e sua parte loira também. Ele sorriu, infinitamente, para mim... seu sorriso tomou conta de todo o seu rosto. Depois disso, só o vi depois da quinta série.
Quinta série: mudei de colégio. O que eu estudava ia até a quarta, aí tive que mudar. Adorei o novo colégio, mas isso aconteceu só depois. Antes de eu me mudar, eu não queria ir pra lá. Odiava o nome, as coisas, as pessoas. Eu era uma idiota, afinal, pois eu julgava sem saber. Ainda mais, sem saber que, lá neste colégio, iria estudar Murilo. Murilo... meu coração entorpece ao falar esse nome.
1° dia de aula. Professores novos, pessoas novas, caras novas. Camiseta azul, calça azul, tênis limpo. Sem óculos. Cabelo escuro, armado. Feia, nojenta para todos. Isso era o que todo mundo pensava de mim, quando começaram a me ver. Por fora eu tinha tudo de errado, e por dentro, tudo de perfeito. Eu passava cola pras minhas amigas, todo mundo queria. Negociava trabalhos. Ganhava dinheiro, e experiência. Por isso eu digo: atrás de um rosto feio, existe uma inteligência rica! E em Murilo, tinha rosto lindo e inteligência quase-rica. Eu o achava muito esperto. Mas nunca percebi que... ele era muito burro. Estava na quinta série com 14 anos! Enquanto eu tinha 10. Era o homenzarrão da classe. Era o mais bonito.
Murilo usava óculos, confundia a pronúncia de D com T, falava embaçado, não conversava comigo, era tímido (mas quando não era, puxa vida hein), tinha muitos amigos, brincava e zoava com os garotos, e não zuava as meninas. Ilamara, amiga minha de classe, dava em cima dele, às vezes, para me provocar. Todo mundo sabia que eu gostava dele, até ele. E quando ele soube, disse : "Não costumo ir ao zoológico". Ele falou sério, pelo menos pra mim, que levo tudo à sério. Isso doeu muito, muito mesmo. Poderia dizer que não queria ficar comigo, em vez de falar isso. Eu tinha apenas 10 anos, não sabia nada de amor, e sabia tudo de dor.
Ilamara e suas amigas costumavam pedir caneta colorida para mim. Eu emprestava, emprestava tudo. Mas elas não me emprestavam... eram idiotas, eram medíocres, injustas. Se eu fosse bonita, elas me emprestariam. Pedi uma vez, uma caneta emprestada, dessas coloridas que eu adorava usar. Ela disse não, e virou o rosto.
Eu não costumava usar shorts, pois eu era muito tímida. Usava só calça, por causa disso. Pros meninos não verem minha perna... Eles sabiam que eu jogava futsal, e que era uma menina meio durona. Mas morria de medo das outras. Um dia eu fui de shorts, ia ter campeonato. Eu queria escondê-las, pernas atrás de pernas. Não tinha como... notaram minhas pernas, meu corpo, meus pés, meu tênis. Minha cocha, minha panturrilha. Eu queria sumir, não queria que me vissem. Sentia falta de que alguém me notasse, mas não desse jeito... Eu andava muito sozinha, me escondia das pessoas. Quando, então, me notaram, desse jeito, vi como é a apreciação humana. É ridícula, vulgar, podre. Depois desse dia, decidi então, que a melhor coisa é não ser notada... é ser tímida - ao extremo se quiser -, é ser quieta - pois assim ninguém pode te julgar que você falou mal de alguém -, é ser indiferente para os outros - ninguém vai querer te bater, porém ninguém vai querer te oferecer uma bolacha. Mas com esses pontos negativos de tudo, eu já me acostumei. Me acostumei em dar e não receber, em ajudar e não ser contribuída nas dificuldades. Eu precisava continuar a ser desse jeito, depois desse dia. Decidi isso porque vi como as pessoas são, quando você tem algo a exibir...
Antes de eu falar do meu pior sofrimento com Murilo, eis pronunciarei as partes boas. Ou indiferentes, mas sei que vou deixar pra depois a parte ruim. Enfim, tivemos um amigo-secreto na sala. Final de ano... íamos pra 6°série. Murilo tinha me negado uma só vez, sobre a frase do zoológico. Eu nunca falava com ele, morria de vergonha de fazer isso... tinha medo de levar outra patada. Antes de ter levado, eu ainda não falava muito com ele. Pedia algo emprestado, ou perguntava sobre alguma prova. Nossas conversas eram superficiais. E nossos risos, fortes e difícieis de serem esquecidos.
Eu não lembro quem eu tinha pegado no amigo-secreto. Devia ser alguém indiferente para mim. Eu queria pegá-lo, isso sim. E dar um presente muito bom... algo que ele realmente gostasse. Algo que fizesse ele mudar a visão crua que ele tinha de mim. Mudar a visão cega e vazia que ele tinha de mim... Só sabiam que eu era feia, e esperta. Que tirava notas boas. Que passava cola, e que não ganhava nada, quando precisava de ajuda... Só sabiam dessas futilidades. Não sabiam o que eu pensava, qual matéria mais gostava, o que eu queria ser quando crescer, com quem eu queria transar, etc.
E, adivinha, quem logo me pegou? Parece coisa de Deus! Foi Murilo. Murilo Paganini, era seu nome completo. Nunca esqueci esse sobrenome.
Murilo usava óculos, muito grosso. Era alto, moreno claro, bem claro. Tinha pernas altas, não muito finas. Parecia o meu irmão - e acho que foi por isso que me apaixonei por ele. Ele tinha cabelo curto, e usava gel diariamente. Deixava o cabelo com espetos. E usava óculos, óculos. Sempre tive uma queda por óculos, não sei porque. E isso se fortaleceu, depois que eu tinha me apaixonado por ele...
E assim se procedeu. Ele me pegou no amigo-secreto. Dentro da sala, todo mundo falava um pouco antes das pessoas que pegavam. Uns mentiam, uns diziam a verdade, uns falavam zoando. E eu, esperava o que a pessoa que tivesse me pego - que foi Murilo - falaria de mim. E a curiosidade maior era saber o que eu ganharia!
Chegou a vez de Murilo falar. Falou sobre um pouco a pessoa. E eu não sabia ainda que era eu...eu...eu... Não me recordo o que ele disse. Não me recordo mesmo. Faz tempo. Tenho 15 anos hoje. 15 anos... e lembro do meu passado só algumas partes.
Ele me deu o presente. Não lembro se me abraçou. Ele me deu um óculos. Mas não era um óculos normal!
Eu, no início, não entendi porque ele me deu aquilo. Era um óculos verde... parecia-se desses normais, pra usar por causa de algum problema na visão. A única diferença era que, em vez de transparente, ele era verde. Verde! Verde! Ai meu Deus.. eu não sei porque ele me deu um óculos verde! Pra quê eu ia usar um óculos verde? Pra quê? Ele me tirou pra cega? Pra vesga? Ele acha que eu preciso usar óculos, é isso que Murilo achava de mim? Eu enchergo muito bem! Murilo acha que eu não enchergo direito? Ele acha que eu tenho os olhos tortos? Pra quê eu preciso de um óculos, se eu enxergo bem? Será que ele tem razão, se ele pensa realmente assim?
Essas foram poucas perguntas do que eu achei do porque de ter me dado um óculos verde. No começo, pensei que ele me achava vesga, e que achava que eu precisava usar óculos, que nem ele usava. Mas era verde! Eu, odiei o presente, na primeira semana. Mas depois... por ser dele, eu comecei a amar aquilo. E eu nunca usava aquilo. Não sabia porque usar! Em que momento eu usaria?
Descobri a utilidade do óculos, quando vi uma garota, que eu odiava, com um óculos parecido. Mas em vez de verde, ele era roxo. Demorei pra entender que era um óculos de sol, que usava quando estava sol. E demorei pra entender porque o dela era roxo. Eu era esperta, mas meu raciocínio, muitas vezes, era lento. Até que percebi que o dela é roxo, porque ela quis que fosse roxo. Comprou um óculos de sol roxo, com o modelo desses de grau. Simplismente, o meu era verde, porque Murilo quis que fosse.
Antes de não saber pra quê eu ia usar aquele óculos, eu o deixava em casa. Depois que descobri, usei algumas vezes. Mas foi muito pouco. Mas o óculos era lindo. Sabe quando você tem algo, que vc acha lindo, mas não o usa(ou o gasta), para preservar a sua beleza? Um exemplo são os adesivos. Eu colecionava, pagava 0,50 centavos por cada. Mas eu não os usava... porque achava-os lindo demais. Tinha medo de usá-los, pois se eu os usasse, eles seriam jogados fora um dia. Era esse pensamento que eu tinha com o óculos. Ele apenas ficava guardado, e servia para o prazer visual. Só servia para que eu o visse; não tinha utilidade no dia-a-dia. Isso porque, Murilo me deu.
Agora vou pra parte ruim. Certo dia, a nossa classe foi pro Parque das Araucárias. Era um parque onde você conhecia tudo da natureza. As árvores, os bichos... Eu gostava de ir na parte do museu, onde ficavam aquelas coisas empalhadas, do tipo insetos, cobras, jacarés, etc. Tinha as pedras raras lá também. Adorava esse parque... Tínhamos que levar um lanche, pra comer umas 4 horas da tarde. E sempre brincávamos de alguma coisa. Nesse dia, um de vários, depois do lanche das 4 resolvemos brincar de verdade ou desafio. Eu brinquei um pouco, até que a coisa começou a pegar fogo. Sabe como é... os pré-adolescentes gostam de se beijar. Isso eu queria experimentar, com Murilo. Eu era uma tal de "Boca-virgem", como o pessoal falava. Murilo, com certeza, não era mais BV. E imagina quem ficou com ele? Ilamara.
Eu chorei nesse dia. Depois que se beijaram no verdade-ou-desafio, ficaram se beijando depois da brincadeira. Eu não queria ver. Eu não queria ver. Eu queria que a dor sumisse. E meu ódio começou a nascer desse fato... e a minha ignorância com os outros foi crescendo. Cansei de ser a boazinha. Cansei de ficar emprestando as minhas canetas para aquela puta. Cansei de oferecer doce ou salgado para aquela vadia. Vadia que ficou com Murilo, apenas pra me provocar. Eu conseguia sentir o que ela sentia, quando o beijava! Eu via que era apenas por provocação. Não havia sentimento, não havia nada. Não havia atração. Não havia porra nenhuma. Ela beijava de olhos abertos, olhando para mim. O que ela queria que eu fizesse? Ela o beijava, de olhos abertos, e olhava para mim, pra saber se eu estava olhando... por isso tive tanta certeza que ela só queria me fazer chorar. fazer desistir dele.
Eu escrevia todo dia, na carteira, nosso nome...
ou o dele.
Murilo, Murilo, Murilo, Murilo. eu e Murilo... Eu e murilo.
Ou melhor, Eu VS Murilo.
Eu tenho 15 anos... e fui descobrindo o que era sentir algo por alguém. descobri o que era o ódio. o que era amizade. o que era tristeza... o que era sofrimento. e descobri também, o que não era amor. Que foi o que senti por ele. Tenho 15 anos, tenho 15 anos. E hoje, eu amo alguém que usa óculos. Mas não confunde D com T, não é lento, não usa gel, nem espeto. Odeia boné, trabalha o dia inteiro... E a influência? Desisti de Murilo, mas não desisti de mim.
Hoje o óculos verde está perdido em algum lugar de minhas bagunças. Eu ainda o uso...

sábado, 19 de setembro de 2009

prego,luzes, e um saco de moedas...

Me
diz onde estava você, quando olhei pra trás
E as nuvens de pragas devoravam a minha sombra?
Me diz como podes esperar refugo em meu lar
se os cortes em meu rosto ainda sangram com teu gosto?

E assim que fomos um,
teus olhos diziam:
"dorme, que por ti eu zelo"...

Alice Narcoléptica e Narcotizante (música)

Alice Narcoléptica

Dance Of Days

Ah meu amor, este suor enfermo
Blasfema meu erro, de faca em punho
Clareio teu rosto, te faço meu sonho
Pra que entre eu e tu não existam segredos

E se te peço perdão, é porque te amo
E se te marco meu nome é porque te venero
A tua beleza, teu calor eterno
Salva este coração mundano

Ah meu amor, me faz oceano
Pra que dissolva em ti meu choro profano
Por ter cometido o pior dos enganos

Hoje sei, sem você amor, não sou vida,
Sou dor, amargura, vazio e ferida
Salva este coração mundano.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Dr. Jeffrey e seus amigos

PARTE I

Eis eu aqui, em algum lugar. Estava sossegada em casa, quando... o telefone toca! Era o Wesley, falando que ia pro centro às s19 horas. É claro, perguntou se eu iria! Primeiramente, eu disse que não. Não, pois eu tinha que estudar, estudar, estudar... ir pra faculdade. Não lembro que professor ia ter nas duas primeiras aulas, mas eu não poderia faltar. Então, disse que não iria. Até que tive uma idéia: poderíamos nos ver sim, pois eu iria pro centro mais cedo, não lembro fazer o quê, e disse que poderíamos nos encontrar umas 18:30. Ok, ele disse que iria, e que me ligaria um pouco antes desse horário pra confirmar. Mas nem ligou, demorou um pouco pra ligar... mas ligou. Ele disse que o Jeffrey ia, e eu disse, ok, tudo bem. Eu e ele nos tínhamos nos visto sábado... e nos vimos na quarta. Foi muito estranho sábado, mas depois eu conto.
Então, fui andando para encontrá-los... e lá estavam. Wesley, como sempre, sem o seu braço, e Jeffrey, com seu cabelo verde. Encontramos a Karyni e o Jr. Decidiram comer um cachorrão... Mas eu, já faz um tempo, estava odiando essa comida nojenta. Enfim, vou descrever resumidamente o que ocorreu.
Jeffrey percebeu que eu tinha mais uma boneca. E voltou a dizer que Adalgisa era um nome feio pra caralho. Filha da puta... então, eu disse que o nome era lindo, e que ele era um loco. Disse o nome da nova boneca, que se chamava Anita. Risos e muitos risos Wesley e Jeffrey deram. Perguntei porque estavam rindo! Não tinha motivo. Falaram que Anita era o nome daquela moça - e linda moça, ainda por cima - daquela minissérie - se é que dá pra xamar assim, que passava na globo, quando eu tinha, nossa, 09 anos! Eu queria assistir ela, com seus momentos, com o José Mayer velhotão (na época, era velhote! imagina hoje...). Mas minha mãe não deixava! dizia que eu tinha que ir dormir cedo. mas eu sempre assistia pelo menos até o primeiro intervalo... era demais! Eu me espelhava nela. Né, realmente.
Ele disse que Anita era um nome bonito, e muito mais que Adalgisa! Voltou a repitir que Adalgisa era feio. Eu, com minha raiva misturado com volúpia, já estava por aqui com aquele cara. Pirei então, quando eu, conversando com minha irmã, o vi erguendo o vestido de Anita...! Não pensei 2x, foi instantâneo: meti um soco duro, muito seco, em seu estômago. Nossa, que gostoso! Amei aquele soco, mas fiquei um pouco meio assim de ter dado. Afinal, ele me tratava bem de alguma forma. Me oferecia cerveja, eu dizia não. Me oferecia cigarro às vezes, eu dizia não. Me ofereceu seu cabelo, sua boca, sua mão, suas pernas! Eu disse não, não. E não.
Falei pro Jeffrey nunca mais ter feito o que fez, com Anita. Nem com nenhuma das minhas bonecas. Expliquei que elas eram minhas filhas, e ninguém ousaria tocá-las. Nem ele, nem ninguém. Só eu, e o Rafael tínhamos este direito. Disse a ele que eu estava sendo boazinha, pois se não fosse ele, eu teria arrebentado. Tive dó pelo soco, eu disse, mas se fosse outra pessoa... ele estaria fodido! Não sei pq tive dó. Algum sentimento me prendia.
Eu disse que precisava ir. Fui andando, me despedi. Mas ele disse, espera. Eu vou com você. Desde essa hora, já percebi o que ele estava querendo. Só não sabia exatamente o que ele queria.
Sábado, foi tão estranho. Fiquei lá, jogada, no tribos, com o Bruno. Conversávamos, conversávamos. E ele falava, e eu falava... de um jeito homogêneo. Me acalmava e me atiçada, de certa forma. Da próx, quero estar jogada sozinha, sem ninguém. SEM NINGUÉM.
Então, Jeffrey estava lá. Quando estávamos lá fora, eu o olhava, tão estranho... sentia alguma coisa. sentia vontade de ir lá conversar com ele, mas isso ele não sabia.

PARTE II

Sábado, resolvi sair. Só fui porque a Kriska insistiu muito. Eu estava morrendo de sono, ainda mais com meus problemas de pseudo-insônia... demorava 1 hora pra mais para dormir, só pensando no que iria ser de mim. Pensando no que o Rafael podia estar pensando, pensando no que ele poderia ter se decidido... e qual era a opção mais provável que ele achava que iria se decidir. Eu ainda estava confusa, não sabia direito... achei que ele iria me dizer sim. Mas não disse... Mudei pra quê? Fiz todo esse esforço, há uns 4 meses, me cobrando todos os dias, dizendo: "Karol, você precisa mudar! Agora você sabe que você o ama, e o quer toda hora, e não apenas de 10 em 10 minutos..." Que valor tem agora, a minha mudança? Não tem valor algum, pois o fiz para ele. E se ele não está comigo, não tem mais valor ainda. Estou diferente para mim? Sim, estou, mas também pra você. Se fosse só por mim, eu nem mudaria. Pelo contrário, ficaria na mesma, sem ninguém. Pois esse tipo de mudança se faz por si mesmo e por alguém, tipo de uma união, um acordo. Se eu fizesse só por mim, na certa eu não teria ninguém. Não teria namorado, não teria amor. Não amaria ninguém. Desse jeito, a mudança teria muito valor: o individual, apenas para lhe fazer bem... mas na prática, como não existe um "amado", a mudança não existe de verdade. Só na teoria não funciona... ele deve existir na prática. E sem o Rafael, não existe prática. Compreende?
Enfim, o Bruno me ligou. Meio que "marcamos" de sair, algo bem fútil, curto, ou seilá. Disse que estava vindo, com o Vinícios, para cá. Ele veio dirigindo! hahaha.
Eu disse que estava prestes a ir embora, só ia esperar ele chegar, cumprimentar, e ir pra casa dormir. Mas ele disse... "poxa karol, eu só vim aqui por causa de você, e você vai embora?". Isso me tocou um pouco por dentro, mas não muito, comparado à alguns meses, quando nos conhecemos. Eu já estava farta de tudo isso, de tanto sono, de tanto ser rejeitada por meu amado, de tanto esperar uma resposta de término ou de continuidade... minha espera era forte, mas se tornava fraca, quando eu pensava no que ele poderia estar pensando, em relação à nós. se é que estaria pensando...
Resolvi ficar. Bruno veio por mim, então ficarei um pouco. Antes disso, Jeffrey e Wesley já estavam comigo, lá fora, conversando. De novo, J. me ofereceu cerveja. Pois quantas vezes tenho que dizer pra esse maldito que eu não bebo, porra? Sei que ele não esquece disso. Ele sabe bem como eu sou, e ainda diz que sou bonita. É cego!
Wesley sumiu, e J. ficou conversando com uns caras grunges. Nesse momento, me senti só. Não tinha ninguém conversando comigo, a Kriska foi pra algum lugar, e só tava eu lá fora, esperando o Bruno chegar. Olhava Dr. J., conversando com o cara grunge. Me deu uma vontade de nos falarmos, como daquela vez - faz um tempo - que ficamos num canto, ao lado da chuva, conversando. Ficamos sózinhos, era o único lugar que eu poderia ouvir o que ele dizia. Mas em meia hora, ele pelo menos dizia 5 frases. Não é porque ele fala pouco; é porque fala lento. Seu jeito lesado é engraçado, me lembra de mim. Falamos de tudo nesse dia. Ele disse pra eu tentar, e eu sempre negava. Não porque eu realmente não queria. Mas sim, pq meus interesses eram outros... e ele sabe qual era meu interesse. o Rafael, é claro. É sempre ele.
Depois desse dia, ele me mandou uma carta. Seilá se era carta, mas dizia que pensava muito em mim. A única coisa que fiz foi ler, e devolver. Ele disse que não precisava, que eu poderia ficar. Mas eu fazia questão de devolver aquilo, eu precisava. Não quero ficar com algo que não vai ser útil na minha vida. E as folhas secas, o trigo, as pedras, o pó, vão ser? Sim. Fazem parte de mim, e fazem parte de minhas criações, que não realizo faz tempo. Da última vez que criei, usei sabonete e água. Saiu um ser perfeito... era Rafael, de algum modo. Era Rafael, no seu jeito limpo de ser, no seu jeito lagarto de ser, no seu jeito verde de ser... no seu jeito amoroso de ser. Era o Rafael antigo, que eu amo. Porém calmo, menos inciumado, mais preocupado comigo. E que só queria saber de mim, só de mim.
J. diz: "Mas não tem como mesmo, já era a gente?" Como assim, "já era a gente?" Nem tivemos nada... e nem iremos ter. Eu não quero, eu disse isso desde a primeira vez que te conheci. Só disse que o achava bonito, e mais nada. Afinal, bonito, quase todo mundo é...
Então, voltando ao dia do Tribo's: J. conversava com seus amigos, e eu sentia vontade de conversar com ele. Pq me sentia sozinha, jogada, inútil, perdida, Ignorada, rejeitada. Mas não é por isso, que eu queria ficar com ele. Pelo contrário, eu só queria uma companhia, de um considerável "amigo que quer ficar comigo".
Bruno chegou, e entramos. Ficamos jogados no chao úmido, conversando sobre filosofia. Eu dizia que não curtia algumas idéias de Platão, e ele retrucava dizendoque as idéias são certas. Não gosto de Platão em política, apenas. Eu falava de Bacon, que odiei o seu sistema de Ídolos. Mas ele não conhecia Bacon. Eu Falava de Descartes, extremo racionalista. Mas ele não sabia dizer. Bruno é bem mais Sócrates, Aristóteles, Platão e Plotino.
Falamos de mais algumas coisas, que é segredo, afinal. Não gosto de falar sobre isso, mas vou falar. Bruno me dizia pra eu largar mão de ser boba. Largar mão de ficar atrás de alguém que não me quer, que não quer ficar comigo. Mas quem disse que o Rafael não quer ficar comigo? Ele quer, mas não sabe COMO e que JEITO tentar. Pra todo problema, existe solução... Apenas ele (ou a humanidade) não descobriu. Pra tudo existe um jeito. Para o K♥K existe um jeito. PARA EU E ELE EXISTE UM JEITO, PARA SERMOS FELIZES, COMO NOS SONHOS QUE TENHO. FORA OS SONHOS... VIVI ESTE LUGAR, O PARAÍSO. PEDI PRA QUE ELE ENTRASSE, MAS ISSO FOI QUANDO ELE FEZ UM PSEUDO-TÉRMINO COM NOSSAS CONSTRUÇÕES. O PARAÍSO EXISTIU DE VERDADE, POIS EU O VIVI. SAIU DO PSICOLÓGICO, PARA O FÍSICO EXPERIMENTAL. E ELE NÃO QUIZ ENTRAR, ELE NÃO QUIS...
No final, falei com Wesley. Na verdade, ele chegou e me abraçou, perguntando como eu estava. Eu disse...bom, enrolei pra dizer. A verdade é que eu estava acabada, mal, ruim... pois não tinha o que eu queria. que era Raf. Ele perguntou sobre o Jeffrey, se eu pensava nele. Disse que pensava, superficialmente. Lembrava das palavras da carta, e das frases dele dizendo alguma coisa lenta. Eu sempre perguntava dele, pra saber se ele estava bem ou mal. Afinal, ainda tenho o meu veneno, e joguei um pouco nele. O veneno, não o da rosa quase morta, mas o que lhe traz dor. Isso acontece sem eu querer... Agora, o veneno da rosa, na maioria das vezes é voluntário, quando o jogo em alguém. E o joguei em Rafael.
Wesley disse: " se vc pergunta sempre dele, é pq sente alguma coisa. O seu incosciente lembra-se dele, embora você, não."
O que ele quiz dizer? Insinuou que sinto algo por J.? Mas nem fudendo. Se sinto, é igual o que sinto pelo Bruno. Algo de amizade profunda. Sem beijos, nem muitos laços. Apenas amizade.
Falei que conversaria com Jeffrey. Saber o que ele anda pensando... o que anda sentindo... o que anda querendo. Faz tempo que ele disse que gostava de mim, e que estava sentindo algo forte, diferente do que sentia pelas outras meninas, inclusive pela Mayara.
Então decidi, vou falar com ele. Não sabia o que falar, não tinha nada certo pra falar. Mas ia falar...

PARTE III

Jeff me acompanhou até o portão da faculdade. Mas a caminho do portão, ele me perguntou algumas coisas. Perguntou: "e daí, o que rola?"
Rola uma explosão na sua cabeça. É claro que não né, mas eu perguntei, do meu jeito de sempre, o que ele estava querendo dizer com isso. Eu previa o que fosse, mas não tinha certeza. Aí ele disse, "o que rola entre nós?". Caí no chão, nessa hora. Eu disse que não iria rolar nada... e ele veio com os papos que eu estou contrariando o que disse pra ele, no sábado. Poxa, eu não disse nada pra ele no sábado, só perguntei se ele gostáva de mim. Por curiosidade ou não, eu perguntei. Então, ele deve ter achado que eu quisesse alguma coisa...
Parámos na frente, e ele se aproximou perto de mim. Disse que queria me beijar, ficar comigo, queria me conhecer melhor. Nos conheceríamos, eu disse, mas sem beijos. "Não quero ficar com ninguém". Tentei explicar meus princípios. Não quero falar disso agora. Suas mãos de novo passavam por minha cintura, tentando me colocar num universo paralelo entre o mundo meu e dele. Dei um passo pra trás, pra que ele se afastasse. Então conversamos coisas profundas, e eu pra ele não se aproximar de mim, e que nem tentasse fazer alguma coisa, como das outras vezes que nos víamos. Se ele fizesse, eu nunca mais o veria. Não quero nada, nada com ninguém. Eu disse a ele para que não me forçasse a ficar com ele.
Vá embora, Jeff, me deixe em paz. Em paz com meus pensamentos, meus princípios, minhas idiotices, minha pureza, meu afastamento com as pessoas e meu ódio por estas... Vá embora. E se voltar, falaremos à 1 metro de distância, e é claro, vou estar com uma faca na mão.
NÃO QUERO VIVER ALGO NOVO. VOCÊ NÃO PRECISA ENTENDER, como eu te disse.


quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Idiotice, com pensamento, com palavras, com programação... e com amor.

Hoje você pensou em mim.
Quinta feira... isso já me aconteceu! Tive bons resultados.
Hoje você pensou em mim, enquanto eu, pensei em você a semana inteira...
Hahaha! Você pensou em mim, pensou em mim, pensou em mim!
Quando descobri, estava perto de entrar para a sala branca - a do médico -, e pulei de alegria! Até cantei um trecho de alguma música, que nem era música. Mas eu fiz se tornar música. Porque eu posso, porque podemos! Porque podemos pensar um no outro. E será assim...
A tomada de meu dia foi terrível. Fiz a pior coisa. E o arrependimento? Devo pisar em mim mesma, então. Arrependimento existe... E estou mal até agora. Demorarei mais uns 2 dias para poder voltar no esquema em que eu estava. "esquema". HUuhUHauahuaAUauhAUHaUH, porque vcs (vcs quem?) ainda não descobriram a minha PROGRAMAÇÃO de sábado.
na verdade, o esquema que eu digo, é como ando vivendo.
isso tudo está sendo uma graça, mas não estou tão feliz. feliz por você ter pensando em mim, sim,
mas mal, pelo que fiz. mal, pelo que desejei. e muito bem por ter dito NÃO a certas pessoas! Direi não e não e não... e ponto! Se quer me entender, entenda. Se não quiser, não desejo que vá pro inferno; apenas não entenda, não faço questão.

"Fico sentada na escada infinita, esperando alguém, subidor de escadas infinitas, me buscar e me tocar."
Eu te amo demais! E minhas palavras se tornam riso... porque quero ser alguém feliz. com você.

até parece que estou super feliz... né? engano seu.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Recomeço, sem ponto

É... mais um recomeço. Mais um desafio para minha vida.
dia 13/09/09, o dia em que nos despedimos, dia em que percebi qual era a razão da minha vida (já havia percebido antes, mas apenas abstratamente), dia em que as luzes se apagaram... dia em que quase pude sentir o Adeus. Ainda falta uma parte, ainda falta... é a parte do término completo. Dia 13/09, dia em que a dor para o resto da vida se tornaria natural, e não obrigada e seca, como no começo de nosso amor. É difícil explicar esse dia... dia moderadamente bom, moderadamente ruim. É... senti sua calmaria, em beira ao mar, em certos momentos... calmaria de mares sem ventos, sem tempestade. calmaria dos mares, que apelam à luz da lua. então, são noturnos, é claro, pra combinar com a cor da sua pele.
"não existe adeus"
mas talvez, TALVEZ, com pura incerteza, digo que TALVEZ eu não possa acreditar nisso para SEMPRE. Afinal, você me disse: "acabou, não tem mais volta."
Agora é chorar e morrer
Agora é adormecer e apodrecer

sábado, 5 de setembro de 2009

Amande, o criador-rei das verticalidades

PARTE I
Eu, na vida real, não tinha a mesma vontade de dormir, como sempre tive. Ia dormir 2 horas da manhã, ou 1... e precisava acordar cedo, consequentemente, para a arrumar a casa, fazer o almoço, ler sobre filosofia, e descansar. Não é bem nessa ordem que os fatos aconteciam. Então, eu, como mais um dia comum, fiquei até mais tarde assistindo um filme, já que o sono me faltava. Meia noite, uma hora, duas horas, três horas... da manhã. E nada de sono. E nada de nada. Todo mundo dormindo, mas em casa só tava eu, minha mãe, e o grande Amande. Já era muiiiito tarde da noite, até que resolvi ir deitar. Cheguei até minha cama, pensei um pouco, mas o sono ainda não vinha. Música não adiantaria, pois faria eu pensar mais ainda, ao contrário do que me aconselharam... O dia estava perto de nascer, e eu nem dormi ainda. Estava muito escuro, mas meus olhos se acostumaram rapidamente com isso, e tudo parecia muito gostoso para uma devorosa noite de amor, com alguém. É claro, só seria maravilhoso, pois a dor já era muito forte.
Deitei-me, então, e pus-me a relaxar. Olhava a janela... a cortina. Fechava os olhos, de vez em quando. Não ouvia passos, ouvia meus pensamentos, que não paravam. Inquietos estavam. Até que... de repente, a porta que estava meio-fechada abriu-se. A porta do meu quarto se abriu. Era Amande. Eu não sabia o que ele queria, mas de certo ele sabia. Ou, acho que não, sua falta de avareza e sua inocência me clamavam por duelos de peles, por uniões de corações. Ah, Amande. Amande chegou mais perto, e sentou do lado da minha cama. Estava claro, pois sua luminosidade natural encobriu os meus olhos. Ainda era noite, mas sua luz tomou conta do meu ser. Calmamente, sem dizer nada, ele se aproximou, e eu também. Seus laços controlavam o meu corpo. Nos beijamos, nossa, que beijo. Numa noite como aquela, tudo se pedia por mais. Seu cabelo loiro-esverdeado-queimado de mar era tão seco... Sua boca mesclava junto com sua língua, e parecia que queria um desejo só. A escuridão pôs-se então, e ficamos a sós, eu e você, no escuro. Isso, ainda, não significava nada... na verdade não era pra significar. Não era pra ser. Mas como somos teimosos com nós mesmos, acabamos indo pro lado esquerdo(o lado subversivo) do caminho.
Beijava-me intensamente, sem querer parar e, sem medo de parar. Sua fúria, não era esgotada. Seus anti-amores e sentimentos passados seriam esquecidos e queimados em efervescência, de agora em diante. Suas mãos puxavam para a cama, para que eu deitasse. Mas insisti, e me pus de joelhos, como vc estava. Seus pêlos loiros da perna estavam sossegados. Eu esfregava minha mão pelas suas costelas, devagar, e fui acelerando. Fui colocando força, de pouco em pouco. Então, eu fui descendo minhas maõs para algo invisivelmente redondo. Mais pêlos, eu sentia. Deslizei minhas mãos para seu traseiro, sem querer. E o que encontrei? Nada. Meu coração pulou, e eu já sabia então que tudo era uma farsa. Que ele só queria.. Minha boca abriu, e gritei MÃÃÃ(eêêêêê). O "ê" saiu abafado, pois Amande colocou a mão na minha boca. E disse, porque gritou? Até parece que ele não sabia... Eu disse que ele só veio aqui por sexo, só por sexo. Meu coração acelerou e eu estava perdida. Toda virgem morre de medo de sexo, mas na verdade é o que ela mais quer. É claro, que quer de um jeito diferente...
Amande quiz me explicar que não era aquilo. Ele disse alguma coisa, que eu não prestei atenção, mas algo de que seu shorts estava frouxo. Ok, levei em conta... Pediu para que eu não gritasse mais, e voltou a me beijar. Sua alma era mui calma. Estranhei tamanha calmaria. Seu beijo era ameno, leve, mesmo que sua boca fosse grande,magra e esticada. Essa sua calmaria foi me acalmando também, e me cobrindo de tanta leveza...

PARTE II
Nem dormi muito. Levantei, ainda de madrugada, e fui pra rua. Me sentei no chão, onde tinham pedras de mármore. Assustadoramente, vi algo escrito. Não me lembro bem, mas dizia alguma coisa sobre vida, coração, mulata... Eu sabia que era ele. Era Amande. Era o seu jeito de escrever, e eu o nunca confundiria. Encantada com tanta poesia, chegou um cara negro escroto, que queria sentar onde eu estava. Ok, sem dizer nada, levantei, e acendi um cigarro. Era bem mais uma flor. O cara me olhava estranho, muito estranho. Amande, bem louco, chegou do nada, me deu um abraço, e um beijo seco, e gostoso. Disse que já voltava, que queria falar comigo, e era pra eu o esperar. Depois que Amande saiu, o doido estranho, então, se levantou, chegou perto de mim, e disse: É um assalto. Tirou uma arma gigantesca do bolso (nem sei como coube naquele bolso) e disse pra eu passar tudo. TUDO. Minha bolsa carregava mp4 e celular. Mas isso não era o mais importante, eram as cartas. Cartas que eu escrevia, meus registros sentimentais para uma pessoa, que não era Amande...
Amande voltou. Viu o que se passava, mas não fazia nada. Só dizia pro cara não me roubar, que eu era uma 'pobre garota', mas soco, nada... Tinha medo, será? Amande, com tanta magreza, suportaria bater em um cara armado? Sua magreza, que tanto me chamava. Queria resolver com palavras... e não, no físico.

Amande: nome pertencente a uma língua de terras vermelhas desconhecidas. traduzido para o português, significa Amman.