quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Incerto como flores no deserto.

Laura estava naquele banco. Estava esperando. Esperando alguma coisa que nem mesmo ela sabia... Já era noite, quase hora de dormir, e ela estava ali com sua bolsa, perdida entre pedaços de madeira recortados, que formavam um banco velho. Muitas árvores ao seu redor debruçavam contra seu corpo, pedindo ajuda, silêncio, solidão... E ela ficava parada, olhando. Olhando tudo. Ouvindo as folhas das árvores baterem umas nas outras. Esperando um amor, talvez... algo que a fizesse renascer, algo que a matasse de tanto querer, de tanto desejo. Implorava para os céus, para que lhe ajudasse... mas ninguém estava ali. Ninguém queria ajudá-la. E seu outro ser, onde será que estava?
Seu cabelo laranja fazia contraste com a escuridão. A sua vontade era entrar no meio daquele mato, daquela floresta, daquele lugar coberto por tantas árvores e verdes-escuros, para encontrar uma saída. Uma saída para tantos pensamentos. Ela já não conseguia mais escrever nada... Assim como eu. Laura... Laura... seu nome soava entre os espaços dos troncos. Alguém lhe chamava. Quem iria de ser, se ela estava sozinha ali, a algumas horas? Era tarde... estava escuro. Ela não teria mais como voltar pra casa. Estava perto de uma praça, tão escura... Mas perto de lá, ela poderia pedir ajuda. Porém, ela não queria. Queria ficar ali, meditando.
Seu namorado havia lhe deixado. Ou melhor, ele o forçou a deixá-la. O seu jeito introspectivo demais de ser, a deixou louca. Ela também era, porém, ela era aberta com o seu amado. Não escondia verdades nem mentiras; falava tudo que tinha vontade, independente do nível do assunto. Assunto não era problema para ela. Mas para ele, era...
Dionísio dizia tanto que a amava. Ela no começo não acreditou. Mas depois, ela foi vendo que sim... mas não por muito tempo. Ela conseguiu ver isso, quando ele começou a se soltar mais. Ele não era uma pessoa tão tímida com os outros, mas com ela, ele era intensamente tímido. Não abria a boca, como se tivesse medo de soltar um "A" e ela brigar com ele. Ou medo de falar demais, talvez? Sim, ele disse que era isso. Se ele se soltasse muito, era capaz de ele não parar de falar, como às vezes acontecia quando Dionísio estava com alguns amigos, ou até mesmo com Laura. Por que todo esse medo, ela se perguntava? Ela era tão aberta com ele... falava tudo que vinha a sua mente (mas claro, pensando no que iria falar). Ela não tinha medo. Na verdade tinha, mas queria ignorá-lo. Ela queria arriscar: do primeiro encontro que os dois tiveram, havia sido maravilhoso. Tudo parecia um mar de rosas, tudo tão perfeito... Laura continuou com essa perfeição, mas Dionísio, não. A contradição dominava Dionísio, e ele era tão fraco, que quase nada fazia para deter. Ele parecia que até queria que a contradição tomasse conta de seu ser. Mas Laura não quis deixar isso acontecer, e continuou com seu mar de perfeições, tentando invadir Dionísio. Ele a apoiava tanto, porém, ele não batalhava contra essa contradição.
E o que mais Laura poderia pensar? Um amor, ou talvez nem isso, acabado, jogado fora. Uma ilusão, ou pior que isso, pseudo-aproveitado e usufruído e destruído pelo homem do casal.
Ela não sentia tanta dor. É como se soubesse que iria dar naquilo.
Começou a ventar muito forte, e ela não queria voltar pra casa. Queria ficar ali, e morrer. Morrer consigo mesma... Sofrer com ela mesma. Pois só ela consegue se ver fisicamente e se ver interiormente. Já os outros, vêem por completo o físico, mas incompleto o exterior.
Laura queria esquecer. Ou morrer. Ou suspirar. Ou sentir o vento.
As árvores queriam devorá-la.
E ela se afundou em seu próprio ser.
O vento queria derrubar as árvores.
E ela se levantou daquele banco.
O céu queria soprar com mais força, e trazer nuvens d'água.
E ela seguiu em frente àquela mata escura.
As nuvens d'água queriam chorar e soltar a dor, por Laura.
E ela mergulhou naquele mar profundo de escuridão.
E engoliu sua própria alma
em busca de um novo ser...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Sexta e Terça, ou coisa pior.

Tanta coisa ando pensando, tanta coisa anda acontecendo. Tantos demônios me falando o que fazer... ou me indicando o que fazer. mas afinal, o que fazer? olhar para os lados não me faz ter conhecimento de nada... estou completamente perdida, depois de hoje. ainda tenho meus sonhos, meus desejos atuais, mas sofro pelo meu passado. "queria tanto o poder de voltar", disse Rafael, e digo eu, agora. Tudo foi desperdiçado. Jogado. Os horizontes sumiram, ou se encheram de neblina, para que eu não pudesse os ver. Ainda te amo, não minto, e essas palavras são pra você. "Ou pelo menos deveriam ser". Amo ainda tanta coisa... sabes como eu sou. Porém, me escondi muito. Por causa do Eduardo. Você não acreditava nele, não é? Pois é. Brigamos por isso, e eu tentava esquecer isso, ou mudar a direção do assunto quando falávamos de monstros. Para não te abalar, e não fazer-te brigar comigo... pois eu sabia que você não acreditava mais. Mas um dia, já acreditou. E tudo era tão perfeito quando acreditava. Eu sentia. Sentia você.
Oh Meu Deus, meu Eddie. Peço ajuda para os dois. Preciso de ajuda, preciso de uma decisão. Tudo está tão confuso; mas já foi pior.
Ainda sinto a gente... ainda penso em você. No nosso Paraíso do Infinito. Na nossa Casa Branca. Na nossa Cama Negra. No nosso Jardim. Nos nossos filhos, Adalgisa, Anita, Selene, Alicia, Ícaro, Alcides.
Ainda o amo.
K